Primeira mulher a ocupar a cadeira, ela admite que a pasta não é capaz de resolver todas as questões que afetam a saúde do brasileiro
Um dos 16 nomes anunciados nesta quinta-feira pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, para o primeiro escalão do próximo governo, Nísia Trindade será a primeira mulher a comandar o Ministério da Saúde. Ao GLOBO, ela revela que uma de suas prioridades será a retomada da articulação da pasta com estados e municípios. A relação com o governo federal foi abalada durante a pandemia da Covid-19 em virtude de condutas adotadas pelo presidente Jair Bolsonaro no combate ao coronavírus.
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Atual presidente da Fiocruz, Nisia diz que a mudança de postura será fundamental para ampliar a vacinação e reduzir as filas de espera por procedimentos médicos e cirurgias nos hospitais, um problemas histórico do sistema de saúdedo país. Num tom realista, ela explicou ainda por que considera fundamental atuar de maneira articulada com as demais áreas do governo:
— A saúde, sozinha, não resolve as principais questões que afetam a saúde dos brasileiros.
Como O GLOBO revelou hoje, Nísia já começou a trabalhar na montagem da equipe da pasta que vai comandar. Ele pretender dar protagonismo à "saúde digital" e estuda criar uma secretária votada à área, que seria comandada por Ana Estela Haddad, mulher do futuro miistro da Fazenda, Fernando Haddad.
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Confira os principais pontos da entrevista:
Qual será a sua prioridade à frente do ministério?
Uma delas será a recuperação da capacidade de coordenação do Ministério da Saúde junto a todos os estados e municípios. Com isso, poderemos avançar na vacinação, na questão das filas, que o presidente tanto mencionou no seu discurso hoje, para procedimentos e cirurgias eletivas. Todas essas questões requerem uma coordenação do Ministério da Saúde.
A senhora acompanhou a transição como integrante da equipe de saúde. O que mais a preocupou entre tudo o que viu até agora?
O ponto que foi mais enfatizado é a necessidade de nós termos as informações necessárias pra planejar as ações de saúde. Há falhas no sistema de informação, falhas no acesso a essas informações. Mas eu diria que o principal hoje é recuperar a confiança da nossa sociedade numa boa gestão.
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Você pretende anunciar a criação de uma secretaria de saúde digital? Ana Estela Haddad estava no seu radar.
Ainda vou fazer um anúncio das secretarias e do secretariado, mas o que a equipe de transição colocou muito claramente foi a necessidade de termos a saúde digital como um dos principais eixos. O central é a integralidade ao lado da equidade. Nós falamos de uma saúde para todos, que todos possam ter um acesso de qualidade.
O que representa ser a primeira mulher a comandar o ministério da Saúde?
É uma emoção muito grande, mas também uma grande responsabilidade. Eu já venho de uma responsabilidade imensa, há seis anos na presidência da maior instituição de ciência e tecnologia da América Latina. A saúde precisa estar em todas políticas, então precisamos trabalhar juntos, com o Ministério da Saúde reassumindo o seu papel de coordenação efetiva.
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Qual resultado principal pretende entregar com sua gestão?
Minha missão é entregar um SUS fortalecido, com integralidade. O que é isso? Significa que todas as linhas de cuidado sejam exercidas. Então é isso que eu espero, um SUS fortalecido em todas as áreas: na ciência e tecnologia, na vigilância, na atenção, porque isso faz parte de um todo. Ao lado de toda a equipe do presidente Lula, do vice-presidente (Geraldo) Alckmin, eu pretendo realizar isso. A saúde, sozinha, não resolve as principais questões que afetam a saúde dos brasileiros.
Quando você pretende anunciar sua equipe?
Não está toda formada, então eu vou anunciar de uma única vez no dia 2 de janeiro.